A pele é um ecossistema complexo e dinâmico que é habitado por bactérias, fungos e vírus. Estes micróbios - denominados de microbiota da pele - são fundamentais para a fisiologia e a imunidade da mesma.
Este é o maior órgão do corpo e funciona como uma barreira física para impedir a entrada de agentes patogénicos estranhos. Ao longo da vida de um ser humano, células queratinizadas da pele, células imunológicas e micróbios interagem para integrar os processos de manutenção da barreira física e imunológica da pele em condições homeostáticas saudáveis e também sob situações de agressão, como ferimentos ou infecções.
Um bom funcionamento intestinal é primordial para a adequada absorção dos nutrientes. A integridade do intestino e da sua microbiota são essenciais na prevenção de inflamações. Pesquisas mais atuais com ómega-3 e probióticos sugerem a melhoria do funcionamento intestinal e de marcadores inflamatórios, o que se traduz também numa aparência mais saudável. Quando a absorção de nutrientes é comprometida há uma deficiência nos mesmos e uma clara disfunção sistémica, visto que os nutrientes são necessários para o equilíbrio do metabolismo.
Os probióticos podem reduzir citocinas pró-inflamatórias e marcadores de stresse oxidativo, além da sua capacidade de melhorar a qualidade da microbiota intestinal suprimindo as bactérias patogénicas. Além disso, uma dieta rica em gorduras e açúcares aumenta os níveis inflamatórios e a produção de sebo, que contribui para o aparecimento de acne e para o aumento de stresse oxidativo. Daí a necessidade de uma dieta rica em fibras, frutas, verduras e legumes antioxidantes e uma hidratação adequada.
O intestino e a pele relacionam-se de forma muito direta. Exemplo disso são as patologias relacionadas com as bactérias intestinais e os seus subprodutos - rosáceas, acne, psoríase, eczemas ou dermatite atópica.
A psoríase é um dos exemplos mais característicos de quando o corpo tenta eliminar toxinas internas, tendo sido filtradas através das paredes intestinais. É o que se conhece como “síndrome do intestino permeável”.
A doença celíaca geralmente também provoca problemas na pele. Uma boa parte dos intolerantes ao glúten apresentam manifestações irregulares na pele.
O aumento da diversidade microbiana está associado a uma diminuição de crises de doenças inflamatórias e auto-imunes que afectam a pele.
A dieta, o estilo de vida, o uso de medicamentos ou o stress influenciam as comunidades microbianas do intestino, o que pode afectar directa ou indirectamente a saúde e aparência da pele.
· Review. Nature. 2018 Jan 24;553(7689):427-436. doi: 10.1038/nature25177.
Skin microbiota-host interactions
· Review. Science. 2014 Nov 21;346(6212):954-9. doi: 10.1126/science.1260144.
Dialogue between skin microbiota and immunity
· Gut microbiota and nutrient interactions with skin in psoriasis: A comprehensive review of animal and human studies
Giovanni Damiani, Nicola Luigi Bragazzi, Thomas S McCormick, Paolo Daniele Maria Pigatto, Sebastiano Leone, Alessia Pacifico, Danica Tiodorovic, Sveva Di Franco, Aniello Alfieri, and Marco Fiore
Published online 2020 Mar 26. doi: 10.12998/wjcc.v8.i6.1002
Por: Maria Carlos Marcelo: Nutricionista do clube de saúde Kalorias Seixal, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº1657N
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