top of page

Ingestão de hidratos de carbono em atletas durante uma corrida de resistência

A nutrição é uma importante ferramenta dentro da prática desportiva. Nas várias modalidades desportivas, a nutrição exerce uma grande influência nos chamados “desportos de desafio”, que são as provas de ultra-resistência ou de longa duração. O custo energético de uma prova de ultra-resistência pode variar de 5.000 a 18.000kcal por dia. É amplamente aceite que o consumo de hidratos de carbono irá retardar o aparecimento da fadiga, poupando o glicogênio hepático e muscular e fornecendo glicose diretamente para os músculos em atividade.


O consumo de hidratos de carbono imediatamente antes e durante o exercício representa uma eficaz estratégia para fornecer uma fonte exógena de combustível para o musculo e sistema nervoso central, retardando a fadiga.


As últimas recomendações apontam para a ingestão de 30-60g de hidratos de carbono para desportos em que a duração é superior a 60 minutos. Essa quantidade pode ser consumida com soluções de 250-300ml de bebida com concentração de 6% de hidratos de carbono a cada 30 minutos. A etapa limitante na taxa de oxidação do hidrato de carbono é a sua absorção intestinal, com limites na absorção da glicose nas suas várias formas. No entanto, quando consumido com um hidrato de carbono que é absorvido por um mecanismo de transporte diferente (por exemplo a frutose) as taxas de absorção de hidratos de carbono ingeridos podem ser superiores. Assim sendo, quando a glicose e a frutose são co--ingeridas na proporção de 2:1, a taxa de ingestão de hidratos de carbono pode ir a 90g/h. Já há estudos a concluir melhores resultados no limiar da fadiga neuromuscular com 120g/h. No entanto, parece que tais níveis elevados de ingestão de hidratos de carbono não são atingidos pela maioria dos atletas.

Os exercícios inferiores a 1 hora, ou em exercícios de curta duração de alta intensidade, não são limitados pela disponibilidade das reservas de glicogénio muscular. No entanto, vários trabalhos investigaram a hipótese de que o sistema nervoso central pode sentir a presença de hidratos de carbono por meio de recetores na boca, promovendo uma sensação de bem-estar e ritmo melhorado. Esta teoria foi posteriormente confirmada e já existem evidencias robustas de que em situações em que é necessário alta potência durante 45 a 75 minutos, o desempenho pode melhorar bochechando soluções com hidratos de carbono.


 

Bibliografia:


Burke LM, Hawley JA, Wong SH, Jeukendrup AE. Carbohydrates for training and competition. Journal of Sports Sciences. 2011; 29(S1): S17–S27

Wilson PB. DOES CARBOHYDRATE INTAKE DURING ENDURANCE RUNNING IMPROVE PERFORMANCE ACRITICAL REVIEW. Journal of Strength and Conditioning Research. 2016; 30(12):3539–3559

Ferreira AM, Ribeiro BG, Soares EA. Consumo de carboidratos e lipídios no desempenho em exercícios de ultra-resistência. Rev Bras Med Esporte. 2001; 7 (2): 67-74

Stellingwerff T, Morton JP, Burke LM. A Framework for Periodized Nutrition for Athletics. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolis. 2019; 29: 141-151

Burke LM, Jeukendrup AE, Mooses M, Jones AM. Contemporary Nutrition Strategies to Optimize Performance in Distance Runners and Race Walkers. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism. 2019; 29: 117-129

Ferreira AM, Ribeiro BG, Soares EA. Consumo de carboidratos e lipídios no desempenho em exercícios de ultra-resistência. Rev Bras Med Esporte. 2001; 7 (2): 67-74

Kreider RB, Wilborn CD, Taylor L, et al. ISSN exercise & sport nutrition review: research & recommendations. Journal of the International Society of Sports Nutrition. 2010; 7(7): 2-43

Paris HL, Fulton TJ, Chapman RF, et al. J Appl Physiol. 2019; 126: 141–151.

ROWLANDS DS, HOULTHAM SD. Multiple-Transportable Carbohydrate Effect on Long-Distance Triathlon Performance. MEDICINE & SCIENCE IN SPORTS & EXERCISE. 2017; 1734-44

Hawkins KH, Krishnan S, Ringos L, et al. Running Performance with Nutritive and Non-Nutritive Sweetened Mouth Rinses. Int J Sports Physiol Perform. 2017 September; 12(8): 1105–1110

Urdampilleta A, Arribalzaga S, Viribay A, et al. Effects of 120 vs. 60 and 90 g/h Carbohydrate Intake during a Trail Marathon on Neuromuscular Function and High Intensity Run Capacity Recovery. Nutrients. 2020; 12 (2094): 2-17;

Drehmer E, Navarro MA, Carrera S, et al. Nutrition planning and hydration control during a six-stage Pirineos FIT Endurance trail-running race. A case report. Progress in Nutrition. 2020; 22 (1): 1-8


 

Por: Mariana Pereira, Nutricionista do clube de saúde Kalorias Gaia, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº3055N

183 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page