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O que é ser “climaterian”?

A sustentabilidade é um tema que se encontra, cada vez mais, na ordem do dia e em, praticamente, todos os aspetos do nosso quotidiano, incluindo na alimentação.


Optar por ter uma alimentação sustentável é uma forma de cuidar do planeta, o que implica reduzir o consumo de alimentos com um elevado impacto ambiental.


Para se ter uma alimentação sustentável temos que ter em consideração todos os aspetos da cadeia alimentar: desde os processos de produção, até ao transporte e preparação. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)


Importa, em primeiro lugar, compreender o que é um alimento sustentável: um alimento sustentável é produzido com recurso a métodos de produção que respeitam o ambiente e os animais, devem ser de produção local e respeitar a sazonalidade, diretamente adquiridos ao produtor, não processado, de modo a reduzir a utilização de recursos, e que respeite o bem-estar animal, ambiental, dos produtores e consumidores. Por outro lado, uma dieta sustentável contribui para a segurança alimentar e nutricional da população, bem como para o seu estado de saúde, respeitam a biodiversidade e o ecossistema, permitindo otimizar os recursos naturais e humanos. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)


De modo tentar ter uma alimentação mais sustentável tem-se falado em dois conceitos: vegetarianismo e o climaterian. O vegetarianismo atualmente já é conhecido por todos e implica a exclusão de todos os tipos de carne e peixe, e outros consoante a variante vegetarianismo.


O que é então ser climaterian?

Ser climaterian é escolher os alimentos que se consome consoante o impacto ambiental, optando por aqueles que são menos prejudiciais para o ambiente e evitar o desperdício. (Cambridge University Press,2020) Um climaterian tenta entender qual a origem dos alimentos que consome e qual o seu impacto ambiental. (Viver Saudável,2019)


O indicador ambiental que avalia o impacto ambiental de um alimento é a pegada de carbono que calcula a emissão de gases com efeito de estufa, durante o ciclo de vida do alimento. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)


Os alimentos que são responsáveis por um uso superior de recursos e maior emissão de gases causadores de efeito de estufa são os de origem animal, comparativamente aos de origem vegetal. A produção de alimentos de origem animal é responsável por um uso superior de recursos (água e solo, por exemplo) e emissões de gases de efeito de estufa superiores face aos alimentos de origem vegetal. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)


Os alimentos que consomem mais água para a sua produção e emitem mais gases com efeito de estufa são as carnes vermelhas, lacticínios, chocolate e café. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)


O processamento dos alimentos também implica custos ambientais mais elevados, pois as emissões de carbono e os custos em recursos e energia dos produtos processados variam consoante, o modo de conservação (congelação, refrigeração, sem cadeia de frio), o tempo de conservação, o número de embalagens, o tipo de embalagem, o acondicionamento no transporte e a distância entre o produtor até ao consumidor. (Associação Portuguesa de Nutrição,2017)

Assim, para o climaterian interessa também saber a viagem que os alimentos fizeram para chegar aos mercados e supermercados locais. (Viver Saudável,2019)


A dieta do climaterian não é uma dieta restritiva e pode ser adaptada a cada pessoa, sendo que a escolha dos alimentos a incluir será de acordo com a sazonalidade, o tipo de produção, preferindo a produção local, evitar o desperdício utilizando todas as partes do alimento, optar por produtos que utilizem embalagens reutilizáveis ou fazer compras a granel e, no caso da carne e pescado, optar pela carne com menores pegadas de carbono, como é o caso das carnes brancas, e também pela produção que mais respeite o bem-estar animal. (Viver Saudável,2019)


Para iniciar uma alimentação mais sustentável pode começar por:

• Realizar uma lista de compras e adquirir apenas os alimentos que serão consumidos;

• Ocupar metade do prato com alimentos de origem vegetal;

• Limitar a 1/4 do prato os alimentos de origem animal. Limitar o consumo de carne vermelhas e processadas;

• Aumentar o consumo diário de leguminosas e utilizá-las em substituição da carne, pescado ou ovos em algumas refeições da semana;

• Preferir alimentos locais e da época;

• Consumir pescado nacional, conforme a época e com o tamanho mínimo exigido pela lei;

• Reaproveitar as sobras de outras refeições;

• Reduzir o desperdício na preparação e confeção dos alimentos;

• Cozinhar em panela de pressão permite economizar mais energia;

• Limitar o uso de forno;

• Ferver a água num jarro elétrico é mais rápido e envolve menos custos energéticos;

• Manter a panela tapada, enquanto cozinha e desligar o fogão pouco tempo antes do final da cozedura;

• Adquirir produtos avulso;

• Reutilizar embalagens utilizadas;

• Atentar à data de validade dos produtos e acondicionar na zona frontal os alimentos com a data de fim mais próxima;

• Acondicionar convenientemente os alimentos;

• Consumir, em primeiro lugar, os alimentos mais perecíveis;

• Reciclar as embalagens utilizadas;

• Fazer canteiro aromático, por exemplo.

(Associação Portuguesa de Nutrição,2017)

Relembro então alguns princípios da dieta mediterrânica que acabam também por preconizar um pouco estes pressupostos: cozinha simples e frugal, preferir os produtos hortofrutícolas, privilegiar os produtos locais e respeitar a sua sazonalidade, consumo moderado de lacticínios e baixo de carnes vermelhas. A dieta mediterrânica trata-se, portanto, de uma boa aposta para melhorar a sustentabilidade da sua alimentação. (Nutrimento,2014)



Referências Bibliográficas:


Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar. E-book n.° 43. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2017.



Revista Viver Saudável (2019,Setembro 30)


Nutrimento -Blog do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (2014, outubro 17)


Por: Margarida Silveiro: Nutricionista do Clube de Saúde Kalorias Évora, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº2724N.

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